Hoje quero falar de Mariles, essa menininha incrivelmente arteira
que Deus colocou em minha família, entre 2006 e 2007.
Quero contar que ela se desenvolva bem, embora não fale ainda. QUe
prodigaliza carinhos, beijos e abraços com estranhos e conhecidos. Que é
dividida em três partes: carinho, arte e lágrimas, sendo igualmente
fácil para acessar essas suas três metades.
Não gosta de bonecas, exceto do bonecão que ganhou no seu primeiro
aniversário. Trata-se de um boneco grande, corpo de pano e extremidades
de borracha, que antes falava, quando balançado, mas que agora, ficou
mudo. Mesmo assim, ela o arrasta pela casa, de par com seu indefectível
travesseiro.
Essa menininha que canta sozinha e que nos comove a todos com o seu
"vosão", uma coisa linda de se ouvir...
Que fala "mamãe" com tal inflexão de carinho e submissão, que é como
se tivesse dito um sermão inteiro; que ri com tal alegria quando vê o
irmão, que nos faz parar para observar seus encontros. Que não pode ver
alguém da família ir embora, que dispara para o beijar e abraçar e dizer
seu "taaaaau" firme e tão, tão delicado. Essa menina a quem, um dia, uma
estranha chamou de "bebesão de caixa", e lhe deu o apelido que mais
combina com ela. Nosso bebesão de caixa, que ri à menor provocação, que
chora à menor contrariedade, que tenta acompanhar, quando me vê tocando
ao violão, que fura as fraldas e não pode ver um balde. Esse bebesão de
caixa, tão gordo e barulhento, tão amoroso e irresistível, que cativa a
quantos quer com um tempo mínimo de contato...
Um ano e dez meses, e parece que foi ontem!... Minha orientadora de
estágio avançado de maternação integral, minha flor de ideal, estrela
guia dos anelos mais santos e intensos da minha vida... O presente que
eu só soube que queria, quando estava ali, raio de esperança na neve, a
mais intensa e revolucionária das auroras desta existência...
Obrigada por hoje. Obrigada por todos os dias. Obrigada por tudo.
Pensem na morte. Nem sempre. Nem todos os dias. Não flertem com ela, que
isso ´mórbido. Mas considerem-na. Morrer faz parte da vida. Não é o
desejado, mas é ...
Há 12 anos