quarta-feira, 5 de novembro de 2008

gravidez

Querida, isto escrevi no outro blog, mas como fala a teu respeito, pensei que pudesse deixar aqui também... Mesmo porque não estou certa de desejar que você leia o outro! Acho que no fundo eu tive medo de vir aqui e falar sobre o assunto, porque escrever sobre uma coisa a torna mais real e faz com que ela se torne mais e mais parte de nós. Desde segunda eu soube. No dia, senti uma agitação vibratória, como se o serzinho lá dentro estivesse consciente de que sua presença tinha sido percebida e de que ele era bem-vindo. Uma haura de alívio e amor que não era minha, mas que me inundava, tomou-me por completo. Para todos, eu era a mesma, mas na segunda, eu estava em suspenso, como se as dificuldades nas quais eu me via imersa me tocassem sem me afetar. Eu conseguia reagir sobre elas e encará-las, sem que elas me incomodassem de fato, tal era o transbordamento de ternura que me envolvia toda, transbordamento que se alinhava ao meu e se alimentava dele, mas não vinha de mim. Então, passou. As coisas se acomodaram e eu estou elaborando o acontecido. Grávida, então... Duas crianças, em breve. Toda a curiosidade que muitos têm em aspectos fisionômicos, em mim se reverte para interrogações de um ponto de vista psicológico e filosófico. Quem é ele? O que ele veio fazer aqui? De onde ele vem? Teremos nos conhecido antes? De que vai gostar ele? Teremos nós algum forte ponto em comum, para além do elo intransferível de mãe e filho? Sempre que penso nele, ele vira ela. Ela, uma menina pequena, miúda, menor que o Estêvão, de personalidade terna, porém enérgica - mais terna e mais enérgica que eu. E entre tudo isso os dias vão passando, ela está aqui e nós nos enxarcamos desse estado latente de espera, dessa ternura singular, dessa expectativa indescritível, porém contagiante, que parece envolver todo nosso mundo emocional em um misto de interrogações e exclamações de amor, salpicados por vírgulas de incertezas e páginas inteiras de esperanças e abraços idealizados.