gramas. HOje você faz dois meses. Nosso sentimento por você
solidifica-se de forma quase tangível. Sua vida é cercada de segurança e
amor, ternura e sobriedade. Teu pai e teu irmão te chamam de Kikikiki,
enquanto Tati e eu te chamamos mais comumente de Pequeniles... Entre
apelidos carinhosos, fraldinhas, roupinhas de plush e cochilos no
bercinho, no carrinho e no sling, você vive, simplesmente.
Fico te imaginando, tentando visualiar sua voz falando pela casa,
o rumo da nossa família, mas não sou boa nisso. O que temos, portanto,
de concreto e precioso é o presente. Ele nos abrange e nos envolve,
trazendo para nossos dias sempre um que de exaustão, mas iguais
parcelas de doçura e satisfação pelo mero momento.
Acho que era a isso que Silvio Rodríguez chamava de "diminuto
instante imenso":
"Não há nada aqui
Somente uns dias que se aprestam a passar
Só uma tarde em que se pode respirar
Um diminuto instante imenso no viver
Depois voltar à realidade".
Com efeito, o período doce dos primeiros anos é como que uma espécie
de descanso para o espírito, no qual ele se revigora das lutas
pretéritas e haure novas diretrizes para ter sua vida na Terra. Oxalá
esses períodos de singeleza e amor te fortaleçam de alguma forma; oxalá,
não obstante teu corpo físico se esqueça da doçura dessa fase, o teu
espírito nela se revivifique, dela se nutra e por ela encontre o
reflexo, ainda que opaco, do amor de Deus e da finalidade amorosa.