domingo, 29 de março de 2009

Tudo e nada

Não sei porquê, hoje estou com vontade de te contar que foi um dia
normal. De dizer que seu irmão está testando os limites e aprendendo até
pode ir. Dizer que seu pai está com uma virose que oxalá não será nada.
Dizer que continuo me preparando emocionalmente para te dar à luz, e que
esses preparativos são tão intensos quanto sutis. Quero te dizer do
clima, que anda querendo esfriar e esquentar a um tempo só. Dizer que eu
me sinto absurdamente exausta e deliciosamente expectante. Dizer todas
essas coisas e muitas mais que não sei como dizer.
Gostaria de te falar do riso fácil de alguns dias, da introspecção
acurada de outros, das músicas que cascateiam pela nossa casa, da
realidade da sua presença virando planos, virando idéias, virando nome,
virando cor, virando vida. Da tua vida nascendo de mim e se estendendo
além de mim, solicificando-se pelas frestas da nossa casa.
E acho que não tenho mais nada para te dizer, Mariles.... Espero que
tenha conseguido te transmitir, para você, que me lerá desde o futuro,
um pouco das águas que correm no teu passado, que agora é nosso
presente, concreto, intenso, real e vital, muito embora este seja um
período, essencialmente, de preparação.